Porque precisamos tanto falar desse tema tão repleto de tabus e estigmas entre os idosos? Porque é a segunda faixa etária que mais comete no mundo todo, e a cada década vivida aumenta mais ainda o risco.
Portanto necessitamos enquanto sociedade e profissionais de saúde refletir em ações preventivas mais direcionadas a esse público.
Os fatores de risco já nos são conhecidos: ser portador de uma doença crônica degenerativa, portador de dor crônica oncológica ou não, ser portador de depressão (tecnicamente o transtorno depressivo maior).
E porque eu preferi em todas as situações descrever o termo portador, porque realmente é essa a condição a pessoa ESTÁ com uma condição clínica, com uma doença, ela NÃO É a doença, a condição clínica. O fato de reduzir alguém ao seu diagnóstico além de absurdo porque somos muito mais e maiores que um aspecto da nossa vida é extremamente cruel.
Mas cruel, não é uma palavra extremamente forte? É sim, tão quanto reduzir a vida de alguém a um diagnóstico, rotular alguém é diminuir a autoestima, é dirigir todo o olhar pra uma simples condição independentemente de ser temporária ou permanente.
E por falar em autoestima, como está a autoestima dos idosos próximos a você? Baixa autoestima não está relacionada com nenhuma faixa etária, e pode ser um indicativo de humor depressivo.
Muitas vezes, o idoso olha pra si como uma foto e só vê a condição atual e “esquece” de enxergar a própria vida como um filme, não revendo as cenas que sobreviveu a inúmeros desafios, quantas adversidades superou, quantos erros cometeu e desses quantos aprendeu a lição, e ou saiu mais forte, e se arrependeu verdadeiramente e não cometeu novamente, e ver todo o esforço empenhado para alcançar as conquistas e realizações, de quais eventos na vida conseguiu se perdoar.

E se nessa jornada da vida não conseguiu realizar todos os sonhos, fez papel de bobo em inúmeras situações, se arrependeu de coisas feitas e de coisas não feitas porque naquele momento faltou coragem, e a lista de coisas que faria diferente se tivesse a experiência de hoje? Bem vindo a humanidade, é isso mesmo que você leu, porque todos nós independente da idade atual sempre vamos revisitar a nossa história querendo fazer alguns ajustes e TODOS teremos arrependimentos e alegrias da NOSSA JORNADA ao final. O único controle que temos do passado é ressignificar, entender que naquele instante fizemos o melhor que podíamos com o que tínhamos e que todas as experiências (boas e ruins) nos transformaram no que somos hoje.
E essa reflexão acima é que precisamos estimular entre os idosos, que ninguém fez tudo certo em todas as áreas da vida, e nem por isso a vida foi em vão, e a partir de todas essas vivências o que posso fazer a partir de agora. E uma delas é pedir ajuda, se não ver sentido na própria vida, se a tristeza dominar o dia.
Tristeza, baixa autoestima, falta de sentido na vida, desesperança NÃO É do envelhecimento é manifestação de quadro depressivo,
É pedido de ajuda.
Preste atenção aos idosos que mudam comportamento, que não querem se cuidar, que tem uma postura de “tanto faz como tanto fez”.
Projetos de vida e muito menos humanos têm prazo de validade, olhe com generosidade a sua história e busque ajuda se necessário, e crie novos projetos.

 

Autoria: Marissol Bastos

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